15.6.11

Próximo futuro - Next future, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa


Próximo Futuro é um programa Gulbenkian de Cultura Contemporânea dedicado em particular, mas não exclusivamente, à investigação e criação na Europa, na América Latina e Caraíbas e em África. O seu calendário de realização é do Verão de 2009 ao fim de 2011.

A programação de espectáculos do Próximo Futuro para este Verão arranca da melhor forma: de 16 a 18 de Junho, a Handspring Puppet Company (África do Sul) traz 'Woyzeck on the Highveld', uma encenação do artista visual e cineasta sul-africano William Kentridge, a quem se devem algumas das mais inovadoras encenações e exposições das duas últimas décadas.

De 1 a 3 de Julho, o encenador chileno Guillermo Calderón regressa à Fundação com as suas mais recentes obras 'Discurso + Villa', duas peças que decorrem na Villa Grimaldi, uma casa que ficou tenebrosamente associada ao regime de Pinochet. Na primeira parte deste espectáculo, 'Discurso' ficciona a despedida da Presidente Michelle Bachelet quando deixou o palácio presidencial. Na segunda parte, 'Villa', o mesmo elenco – três actrizes – discute sobre o que fazer com a história de uma casa para preservar a memória da luta clandestina e da tortura. Para ver na Sala Polivalente do CAM.

Dança
'O Corpo é o Mídia da Dança + Outras Partes', um espectáculo que o Grupo Lakka apresenta nos dias 22 e 23 de Junho, trazendo os actuais contextos sociais e tecnológicos urbanos para o seu universo. O grupo é liderado pelo coreógrafo e intérprete brasileiro Vanilton Lakka, que, com formação em dança clássica, dança-jazz e danças de rua, tem participado na renovação da paisagem da dança sulamericana.

Música
No dia 18, no palco do Anfiteatro ao Ar Livre a Orquestra Gulbenkian junta-se ao Drumming Grupo de Percussão, com Matchume Zango, Timbila de Moçambique, para interpretar obras de Steve Reich, Marlos Nobre, Iannis Xenakis e músicas tradicionais de Timbila moçambicana, um instrumento de percussão da família das marimbas.

No dia 19, é apresentado no Jardim Gulbenkian o projecto Aquarium Materialis. Os instrumentos que compõem esta instalação são da autoria do músico Victor Gama, que, juntamente com Pedro Carneiro, utilizará o espelho de água do lago como superfície interlocutora. A peça divide-se em duas partes (19h e 22h), reflectindo a dicotomia da Natureza: uma parte diurna, repleta de vida, cheia de cores e de luz, vibrando intensamente; e uma parte nocturna, em que o mistério e o imaginário tomam conta da nossa percepção.

No dia 26 de Junho há ainda o concerto de Baloji, músico congolês que vive em Bruxelas. O seu projecto artístico cruza o hip-hop fluido com uma soul inflamada, sempre tocado pelo omnipresente voodoo subsariano. Baloji é membro de uma orgulhosa linhagem de músicos africanos que se caracterizam por uma sólida consciência política, mas nas suas actuações jamais se perde um forte sentido de festa e diversão.

A fechar a programação de música, a 3 de Julho, no palco do Anfiteatro ao Ar Livre vai estar o Shangaan Electro, música de dança contemporânea produzida na África do Sul. O shangaan é um género musical que provém da cidade de Malamulele, na província de Limpopo (região mais setentrional da África do Sul, na fronteira com o Botswana, o Zimbabwe e Moçambique) e caracteriza-se pela velocidade dos beats, conduzindo a uma dança que tem tanto de eléctrica como de divertida. Para a festa ser completa, antes do concerto, haverá um workshop de dança proporcionado pelos bailarinos deste colectivo.

Cinema ao ar livre
Durante vários dias, sempre às 22h, vai ser projectado no ecrã gigante um conjunto de filmes de diferentes géneros, do documentário à ficção.

Em estreia absoluta, serão exibidas a 25 de Junho três obras produzidas pelo Programa Próximo Futuro, encomendadas aos cineastas Vincent Moloi (África do Sul), João Salaviza (Portugal) e Paz Encina (Paraguai). Em Hidden Life, Vincent Moloi explora o mundo secreto da ambiguidade moral ao filmar o movimentado porto de mar da Cidade do Cabo, onde as pessoas transaccionam bens e ‘humanidade’. Em Cerro Negro, João Salaviza, que em 2009 venceu o Grande Prémio de Cannes para Curtas-Metragens, centra-se em najara e Allison, um casal de imigrantes brasileiros em Lisboa que luta contra uma separação forçada. E Viento Sur, de Paz Encina, conta a história de dois irmãos pescadores que vivem num ambiente de repressão local. O filme acaba por revelar, de modo invulgarmente poético, uma história sobre desaparecidos e sobre os métodos utilizados para esses desaparecimentos.

Destaque ainda para a curta-metragem vencedora do último Festival de Cinema de Marraquexe, 'Apnée', de Mahassine Hachad, um filme que mostra a qualidade e a inventividade do actual cinema marroquino e da sua nova geração de cineastas. À excepção de 'Fitzcarraldo', que Werner Herzog realizou em 1982 e que representa uma odisseia no interior da Amazónia no século XIX, todos os filmes apresentados neste ciclo (23 de Junho a 1 de Julho) são recentes, tendo sido produzidos entre 2009 e 2011.

Lições
A 17 de Junho vão estar no Auditório 2 quatro conferencistas: Achille Mbembe (Camarões), investigador de História e Política na Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo; Ralph Austen (EUA), professor emérito de História Africana na Universidade de Chicago; Eucanãa Ferraz (Brasil), poeta, editor e professor de Literatura Brasileira na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro; e Margarida Chagas Lopes (Portugal), professora, investigadora e membro da direcção do Centro de Sociologia Económica e das Organizações.

Arte pública no Jardim, a partir de 16 de Junho
'Cocoon' (Casulo), da jovem artista plástica Nandipha Mntambo, nascida na Suazilândia, que vive e trabalha na África do Sul.
Junto à entrada do edifício que alberga a Biblioteca de Arte vai estar o mural 'Abrigo Sublocado', do brasileiro Kboco, um artista que se iniciou muito cedo no grafite, e a instalação 'How Incongruous', do colectivo indiano Raqs Media, uma peça surpreendente que nos remete para um tempo anterior.

Até 30 de Setembro
Chapéus-de-sol que a arquitecta Inês Lobo concebeu no ano passado para o Jardim Gulbenkian e que este Verão são recuperados, servindo de tela para os desenhos dos artistas Rachel Korman (Brasil), Bárbara Assis Pacheco (Portugal), Isaías Correa (Chile) e Délio Jasse (Angola).

Tenda, na margem do lago, com uma biblioteca de obras de autores sul-americanos e africanos.

Más información en la web de Próximo futuro.

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